quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

O futebol como obrigação social

Quase ninguém assume na teoria mas na prática tudo é claro e explícito: para brasileiros e mais ainda para cariocas, o futebol é uma obrigação social. Você é sim, obrigado a gostar de futebol se quiser usufruir dos benefícios de uma vida em grupo. Vou explicar porque isso acontece.

o Brasil é um país de diversidades. Circulam pelo país as mais diversas ideias e gostos. O senso comum, para tentar disciplinar a diversidade que poderia se converter em discórdia e brigas, escolheu uma coisa para servir de agregador social a criar uma concórdia entre pessoas que pensam diferente. O futebol foi escolhido como forma de agregação social e motivo de confraternização entre brasileiros.

Desconheço o motivo que fez o futebol ser escolhido como agregador social. Acredito que seja pelo fato de ser um esporte que não possui classe social definida (jogadores de origem pobre que se tornam magnatas da noite para o dia dão a ilusão de união entre as classes). De qualquer forma, isso virou uma tradição e boa parte dos brasileiros (principalmente as mulheres) no mínimo fingem gostar para que não se sintam excluídos e isolados do resto da sociedade.

Já para quem assume publicamente o desprezo pela modalidade esportiva mais popular do país, resta encontrar compensações para as dificuldades de sociabilização que encontrar. Já aumenta o número de pessoas que assumem não curtir futebol e para elas a época de copa é de tortura, pois do contrário do Carnaval, o barulho é pulverizado (meus vizinhos berram pra cacete) e não existe retiros espirituais em tempos de copa para que as pessoas possa fugir da histeria dos torcedores.

Mesmo assim o número de pessoas que assumem gostar de futebol, mesmo não gostando, ainda é grande. O ser humano e um ser social, e segundo pesquisas, a solidão é o maior medo da humanidade junto com a morte. Para muitos aguentar cerca de 90 minutos vendo um monte de bonecos correndo em uma tela verde ao som de irritantes berros vale a pena quando se quer ter amigos e contatos profissionais. Parece que para muitos a solidão incomoda mais do que a histeria alheia.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

A incurável mediocrização do povo brasileiro

O Brasil é o pior lugar para viver uma pessoa que deseja se evoluir. O senso comum e a opinião pública age de forma bastante racional, defendendo hábitos inúteis, cultuando supérfluos, condenando a intelectualidade e estimulando a inércia. Esforço, só se for para ganhar dinheiro.

A mediocrização mental do povo brasileiro está bem epidêmica, se espalhando feito uma virose contagiosa. Todo mundo faz questão de ser medíocre e mesmo os que tentam escapar da mediocridade em alguns setores, mantém-se na mediocridade em outros setores.

Ser medíocre é instintivo. O ser humano não é inclinado ao esforço. Ser medíocre é agir como se as coisas fossem como deveriam ser. É acreditar que a realdade não possa ser mudada e em vez de tentar mudá-la, é mais conveniente fugir dela. E meios de fuga é o que não falta: drogas lícitas e ilícitas, religiões, futebol, televisão, viagens, musicas cretinas, modismos tolos, redes sociais, etc. Fugir de uma realidade que poderíamos, mas não queremos mudar é a palavra de ordem. E aí de quem não seguir esta regra.

O Brasil está aos poucos retomando valores retrógrados. Muitos de nossos hábitos não mudaram há mais de 100 anos. Nos livramos do que havia de bom em nossa sociedade, mas mantemos o que sempre houve de ruim. A lógica diz que piorar as coisas é sempre mais fácil do que melhorar.

A preguiça intelectual estimulada pela mídia e pelos costumes sociais tem sido a grande responsável por esse grave retrocesso. Mesmo que tente raciocinar, o brasileiro raciocina errado. Errado porque ao tentar pensar, não se livra de suas convicções pessoais, resultando numa teimosia que emperra qualquer busca por alternativas.

Não sei o que acontecerá com o país. Talvez cheguemos a uma piora gigantesca. A crise está aí. Quiseram, como nos acostumamos a fazer, colocar um supérfluo (o futebol) acima de todas as necessidades (como crianças que priorizam brincadeiras ao invés do estudo) e deu nisso. Estamos cada vez mais perdidos no meio desse tiroteio moral e se não abandonar os nossas convicções, mudando hábitos, gostos e ideias, vamos voltar aos "bons" tempos da Velha República. Colecionando preconceitos e injustiças que perpetuarão os problemas cotidianos de nossa sociedade.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

É contradição uma pessoa detestar Carnaval e adorar copa de futebol

É nítido o ato de que a maioria esmagadora das pessoas gosta de futebol não pelo esporte em si, mas pelo clima festivo agregado a modalidade e ao fato de que facilita a vida social em nossa sociedade. No Brasil, futebol é obrigação social e todos, mesmo sem comentar, sabem que não curtir futebol significa em muitos casos se isolar e recusar o convívio social, principalmente em épocas de copa.

Estamos em ano de copa. Todos os meses em que ocorrem as copas multidões de brasileiros largam tudo para colocar suas camisetas amarelas pensando estar cumprindo um dever cívico que ajudará a desenvolver o Brasil, mesmo de mentirinha. Futebol, em épocas de copas passa a ser prioridade inadiável e quem se recusa a seguir a manada fica só aguentando o ensurdecedor grito da alienada torcida.

Obviamente o clima de festa agregado ao futebol contribui muito para esta adesão maciça. Todos os que gostam de futebol gostam de festa - ainda não encontrei exceção para esta regra - mas há alguns que não curtem o Carnaval, mesmo amando a copa de futebol. 

Mas o que é a copa de futebol senão um Carnaval no meio do ano? Todos os elementos de uma festa de Carnaval estão presentes na copa de futebol. A unica diferença é o acréscimo do próprio futebol. Poderemos considerar uma espécie de Carnaval esportivo. Ou melhor, um Carnaval futebolístico.

Vejo como uma hipocrisia sem tamanho uma pessoa adorar copa de futebol e detestar Carnaval. Mesmo que não haja mulheres peladas no futebol - até alguém ter a ideia de colocar, o que não seria impossível - vejo muito de Carnaval nas comemorações da copa.

Acho melhor as pessoas que adoram copa de futebol passarem a gostar de Carnaval, seguindo o primeiro bloco que sair diante delas. Com bola ou sem bola, o clima é o mesmo: cores, gritaria, agitação e uma vitoria inócua que nunca ajudou a desenvolver o país e trazer dignidade aos brasileiros, servindo de mera diversão e nada mais. Mesmo que todos a tratem como prioridade.

Vini Jr, Racismo e a hipocrisia da Classe Média brasileira

O assunto desta segunda feira com certeza foi o inaceitável caso de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Júnior, o Vini, durante um jogo de...