quarta-feira, 27 de julho de 2016

Como a Copa, a Olimpíada será um fracasso

No próximo dia 05 de agosto, vai começar o evento conhecido como "Jogos Olímpicos". Um supérfluo tratado como prioridade máxima baseando no mito de que vai trazer mais dinheiro para circular no país. O que não é verdade, pois os patrocinadores, empresas com sede em outros países abocanharão os lucros que serão enviados às suas matrizes. E esqueçam: o governo receberá pouco dinheiro e o destinará para pagar dívidas.

Mas o povo brasileiro gosta de festa e todos estão animados com inúteis tochas sendo carregadas por incautos que enxergam importância séria num ato que de fato não passa de sua função lúdica. Uma reles brincadeira a entreter desocupados. Um cara tentou devolver a multidão à realidade apagando a tocha olímpica com extintor de incêndio e foi preso por "danos ao patrimônio público". Tocha Olímpica, "patrimônio público"? Ora, pensam que somos trouxas!

A Olimpíada sempre foi menos prestigiada pelos brasileiros que as copas de futebol - brasileiro só gosta de futebol, sua razão de ser, e de mais nada. O que leva a crer que, se a copa de 2014, prioridade máxima e uma monstruosidade quase "cívica", foi uma verdadeira merda, não há nada que faça essa Olimpíada ser melhor, a não ser uma zebra bem grande e gorda.

A desorganização da edução carioca do evento já começa a aparecer. A equipe australiana já reclamou da precariedade dos seus aposentos, que não diferem muito dos prédios abandonados de Chernobyl, na Ucrânia, cidade devastada pelo famoso acidente radioativo. O prefeito Eduardo Paes, especialista em dizer asneiras, falou que os aposentos são melhores que os de Sydney. Vai falar isso justamente para quem veio de lá e sabe como eram as condições na cidade australiana?

Para piorar, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que defendeu traficantes e gostava de mandar a polícia espancar estudantes, simulou uma captura de supostos terroristas (um deles um reles vendedor de galinhas) para criar medo coletivo e mostrar serviço. Isso é coisa que uma autoridade que deveria ser responsável seja capaz de fazer? Se bem que desse governinho temeroso se espera tudo, menos sensatez.

Quando esse carnaval da competitividade se encerrar após o última pessoa com necessidades especiais ir embora do país após as Para-olimpíadas (que considero muito mais interessantes que as Olimpíadas - ali se mostra a verdadeira superação humana), aí sim veremos se o Rio de Janeiro ganhou sua medalha de ouro na organização de um evento desse porte e na oferta de infra-estrutura de acomodação para atletas, turistas e moradores.

Acho pouco provável. Melhor o prefeito pendurar sua medalha de lata, ir embora desta cidade e torcer para o espancador de mulher ou os seus concorrentes mais bizarros não tomarem o seu lugar.

quarta-feira, 20 de julho de 2016

O lado cruel do esporte que todos querem ocultar

No Brasil, o esporte em si é considerado um valor positivo. Para a maioria das pessoas, não há erros, problemas e crueldade no esporte. E fácil tudo ser considerado bom e alegre quando visto de fora e à distância.

Mas tem que haver algo de ruim e danoso em algo que glorifica a competitividade, impõe padrões de beleza e obriga seus praticantes a superarem seus limites lançando mão de muita tortura psicológica e até física. Sobre este último vamos falar agora.

Quando um jovem atleta se propõe a uma carreira, ele deve ter o apoio e a coordenação de um tutor, geralmente um treinador, além de ter um patrocinador para financeira as atividades a serem feitas para preparar o jovem para competir no esporte.

Por haver investimento e interesse, há muita pressão sobre o jovem atleta que é obrigado de forma bastante cruel a apresentar resultados positivos de sua atuação: o famoso "vencer ou vencer". Como o esporte é algo considerado positivo do lado de fora das quadras, ninguém imagina que dentro ocorre manifestações de sadismo por parte de patrocinadores e treinadores que querem a todo o custo ver o seu atleta como um campeão.

Não sã raros os casos em que atletas, após derrotas, serem massacrados, no mínimo psicologicamente - embora agressões físicas não sejam raras - por não ter alcançado pelo menos o resultado esperado. Treinadores e patrocinadores são lideranças e em países cuja educação é falha, lideranças são "educadas" para serem autoritárias, sádicas e exploradoras.

A crueldade não raramente atinge níveis fascistas (há inclusive assédio moral e até mesmo abusos sexuais), transformando o jovem atleta em um ser sem opinião própria cuja razão de existir é a luta para conquistar medalhas e títulos. Conquistas que na verdade servem mais para justificar o investimento feito por empresas interessadas em criar uma imagem positiva da competitividade. Se é "bonito" fazer os outros se ferrarem nas quadras e pistas, deve ser "bonito" também ferrar com os outros na luta pela sobrevivência.

São muitos os casos de exploração de atletas por parte de treinadores e patrocinadores. Não temos nenhum caso confirmado para esta Olimpíada, mas sabe-se que isso é muito mais comum do que se pode imaginar. No passado aconteceram muitos casos, vários indo para o tribunal. Treinadores e empresas patrocinadores com a reputação arranhada por serem denunciados por exploração cruel de seus atletas tutelados.

Gostaria muito de poder dizer que isto não existe mais. Mas não posso. Em um mundo onde estamos desaprendendo a amar, em que somos mais consumistas e interesseiros e onde xingamos e violentamos quem discorda de uma única opinião nossa, é impossível imaginar que dentre quatro paredes de uma quadra as coisas aconteçam às mil maravilhas, nas mais santa harmonia.

Casos de exploração de jovens atletas ocorrem e vão continuar ocorrendo enquanto treinadores e patrocinadores não aprenderem que a humildade e a democracia são essenciais para que o jovem aprenda a ter auto-estima e lute por uma conquista com mais espontaneidade e vontade. Hoje, atletas são meros servos do interesse alheio e agem como verdadeiros escravos, não raramente chorando quando vencem ou perdem. 

O choro dos atletas tem um significado muito maior do que parece ser. E não tem nada a ver com amor a pátria, ao povo e ao esporte. É um choro por si mesmo, pela vontade de querer ser gente, com capacidade de decidir e vencer por si mesmo. E não para lideranças gananciosas e autoritárias.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A direita, a esquerda e o futebol

Brasileiro é um povo meio esquisito. Para eles, o futebol não é uma simples forma de lazer. É um símbolo nacional, um dever cívico e social e sua negação pode isolar quem o despreza, perdendo inclusive direitos essenciais pela não-sociabilização. O futebol é tão importante que a vitória de um time ou da "seleção" em um campeonato importante é mais desejada que a melhoria da qualidade de vida da população.

Como o futebol é uma obrigação cívica e social, em todas as tribos, raças, credos, sexos e o que quer que seja, há sempre torcedores fanáticos dispostos a morrer pelo futebol. Na política também. A foto que ilustra esta postagem é bem representativa. Tanto o esquerdista Lula quanto o direitista Aécio são futebosteiros fanáticos assumidos.

Tanto os ideólogos de esquerda quanto os de direita brigam para que o futebol esteja do seu lado. Imagine um campo de futebol: 

- Do lado esquerdo do campo, vemos torcedores e intelectuais tentando transformar o sempre capitalista futebol em ativismo social; 

- Do lado direito, vemos pessoas vestidas com a camisa da corrupta CBF pedindo a saída do PT usando o "combate à corrupção" como desculpa. 

Em ambos os lados a incoerência de utilizar uma forma de lazer supérflua para tentar mexer com a política do país. A ânsia de superestimar o futebol faz com que os torcedores enfiem a modalidade esportiva em assuntos que não tem qualquer relação com ela.

É como se não fôssemos brasileiros e sim torcedores de futebol. É como se não vivêssemos em um país e sim em um estádio de futebol. Como se a vitória de um time ou da "seleção" pudesse resolver os problemas que tanto nos incomodam. Como se jogadores de futebol fosse soltados a lutar pela nossa dignidade. Tanto esquerdistas e direitistas estão erradíssimos. 

Façam uma coisa: esquerdistas, usem outros meios para seu ativismo social, até porque ele precisa ser levado a sério e associá-lo a uma mera forma de diversão não parece o melhor meio para isso.

Coxinhas: CBF não é país e rouba muito mais que supostamente qualquer petista. A cúpula que controla a "seleção" brasileira, sozinha, é muita mais corrupta que todos os políticos do Brasil. Há jogadores "admiráveis" envolvidos em corrupção e sonegação de impostos.

O dia que os brasileiros perceber que o futebol não passa de uma reles brincadeira infantil, o Brasil crescerá e a corrupção acabará. Enquanto isso não acontece...

quarta-feira, 6 de julho de 2016

Antes do esporte, ensine as crianças os danos da competitividade

A caridade praticada pelas instituições que se responsabilizam de cuidar de pessoas carentes se utiliza muito do esporte, sob a justificativa que facilita a sociabilização e ocupa o tempo dos jovens, supostamente desviando de más atitudes e maus pensamentos. 

É meio controverso falar sobre usar o esporte para desviar os jovens do erro pois há outros meios de ocupar o tempo das crianças com atividades intelectualmente mais úteis e menos competitivas. Mas é preciso "educar" as crianças para se submeterem as rígidas, exigentes e excludentes regras impostas pelas classes dominantes. Pobres inteligentes e autônomos incomodam as elites. Fazer o quê?

Seria ideal que apenas as atividades físicas fossem ensinadas. Exercícios são muito bons para a saúde. Mas as instituições não conseguem ensinar atividade física sem a prática de esportes. E esportes são competitivos. E através do esporte, aprendemos o falso lado positivo da competitividade, o que se mostra muito perigoso para mentes em desenvolvimento.

Ensinar que competir é bom significa a mesma coisa que ensinar que a felicidade só está reservada a própria pessoa e que não é errado deixar a outra se ferrar. Competir, bom observar com atenção, significa impedir o outro a atingir o bem estar e ensinar a competitividade como algo positivo tem feito muitos estragos por muitos anos em nossa sociedade.

Embora os esportes mais populares do Brasil e os mais ensinados em aulas nessas instituições sejam coletivos, o que dá a ilusão de união, não vamos esquecer que se trata de uma equipe que irá ferrar com a outra equipe. O que é até pior, pois ensina os jovens a criar grupos que destruirão o bem estar de outros grupos ou até de indivíduos.

O que me deixa perplexo é que ninguém - eu disse NINGUÉM - até agora demonstrou a preocupação na utilização do esporte como forma de legitimar a competitividade. Parece que virou natural ensinar jovens a arruinar com a vida alheia, como se isso fizesse parte das relações humanas consideradas saudáveis.

Não existe nenhuma campanha de conscientização sobre isso. Como se o esporte só tivesse seu lado bom. As pessoas jogam seus filhos lá e que se faça o resto. O esporte em si é arraigado como um dos valores que a sociedade considera positivos. Então suas características são também positivas, incluindo a competitividade. Por isso que muita gente está tranquila em viver em um mundo injusto, cujos problemas se perpetuam porque beneficiam os "predadores" que venceram a competição pela vida.

Se continuarmos desprezando o lado ruim do esporte, que é a competitividade, a injustiça será perene e muita gente vai continuar sofrendo só porque acharam linda a ideia de que o bem estar e direitos importantes devem estar não com todos, mas com um pequeno punhado de "vencedores" na cruel luta pela vida. Aquela que acha lindo arruinar com a vida alheia.

Vini Jr, Racismo e a hipocrisia da Classe Média brasileira

O assunto desta segunda feira com certeza foi o inaceitável caso de racismo sofrido pelo jogador Vinicius Júnior, o Vini, durante um jogo de...